O uso de plantas medicinais em tratamentos terapêuticos é conhecido como fitoterapia e, apesar de, atualmente, ser um recurso adicional da medicina para a população, nos tempos antigos era a forma padrão de curar e tratar doenças.
No cenário brasileiro, a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, aprovada por meio do Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006, é responsável por um grande avanço, já que estabelece diversas diretrizes e ações para a implementação deste tipo de prática dentro do país. Um dado que explicita essa evolução é a introdução de 12 fármacos do gênero no Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos dez anos.
Apesar da terapia com plantas medicinais ser bem vista por parte da comunidade médica, alguns problemas vêm sendo reportados, o principal deles relacionado às reações adversas quando são ingeridos em paralelo a medicamentos industriais. Neste post, iremos abordar porque acontecem essas complicações e ilustrar algumas plantas que causam esses efeitos colaterais.
Por que acontecem as reações indesejadas entre medicamentos e plantas medicinais?
Aqui, no Brasil, por termos uma população muito diversa étnica e culturalmente, vários costumes foram incorporados na sabedoria popular. No caso da área da saúde isto não foi diferente. Seus pais, avós e tios provavelmente já recomendaram o uso de alguma planta, chá e/ou outros recursos naturais para tratar um problema.
O que grande parte das pessoas não sabe é que os medicamentos fitoterápicos podem ser tóxicos e apresentar efeitos colaterais, principalmente quando são ingeridos com outros fármacos de origem industrial.
Logo, apesar das plantas medicinais serem uma ótima alternativa, é necessário enfatizar que elas possuem uma gama variada de princípios ativos que, se você ou o seu médico não possuem conhecimento, podem gerar complicações instantâneas e/ou futuras.
De acordo com a Fiocruz, os principais medicamentos que interagem com fitoterápicos em humanos são:
- Anticoagulantes (varfarina, aspirina e fenprocoumon);
- Sedativos e antidepressivos (alprazolam, amitriptilina, midazolam e trazodona);
- Agentes anti-HIV (indinavir e saquinavir);
- Medicamentos anticâncer (irinotecano e imatinibe);
- Medicamentos cardiovasculares (digoxina, nifedipina e propranolol);
- E imunossupressores (ciclosporina e tacrolimus);
Para que você tenha uma visão ainda mais detalhada sobre este assunto, separamos algumas plantas medicinais, sua indicação, remédios que geram reações adversas e as possíveis complicações que esta interação pode ocasionar.
Alcachofra (Cynara scolymus L.)
A Alcachofra tem efeito antidispéptico, carminativo e diurético e pode interagir com:
- Colchicina e outras drogas;
- Diuréticos de alça e tiazídicos, causando hipovolemia e hipocalemia;
Babosa (Aloe vera (L.) Burm. f.)
A Babosa pode ser utilizada para/como cicatrizante, queimaduras, tratamento de psoríase, mucosite por radiação, laxante, úlceras e diverticulite, e pode interagir com:
- Sevoflurano, inibindo a agregação de plaquetas e gerando sangramento;
- Digoxina, digitoxina e antiarrítmicos, causando hipocalemia e aumentando a toxicidade do medicamento;
- Medicamento depletores de potássio, causando hipocalemia;
- Diuréticos ou corticoides, causando hipocalemia;
- Corticosteróides, causando hipertensão, arritmia cardíaca e redução do efeito imunossupressor;
- Prednisona, causando hipocalemia;
- Hidrocortisona, causando o aumento da absorção da droga;
- Hipoglicemiantes, bupropiona, clorpromazina, fluoxetina, propranolol, insulina e hipoglicemiantes orais, causando aumento do risco de hipoglicemia;
- Laxantes, causando o aumento do poder do laxante em questão;
- Diversas drogas pela via oral, diminuindo a absorção;
- Antirretrovirais, diminuindo a absorção;
- Zidovudina (AZT), aumentando os níveis de AZT;
- Hormônios tireoidianos, causando disfunção tireoidiana.
Cáscara Sagrada (Rhamnus purshiana DC.)
A Cáscara Sagrada pode ser utilizada para/como hipocolesterolemiante, laxante, purgante e constipação intestinal ocasional, e pode interagir com:
- Medicamento depletores de potássio, causando hipocalemia;
- Diuréticos ou corticoides, causando hipocalemia;
- Medicamentos administrados por via oral, diminuindo a absorção;
- Digoxina, digitoxina e antiarrítmicos, causando hipocalemia e aumentando a toxicidade do medicamento.
Espinheira Santa (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek)
A Espinheira Santa pode ser utilizada para/como antidispéptico, antiácido e protetor da mucosa gástrica, e pode interagir com:
- Esteróides anabólicos, metotrexato, amiodarona ou cetoconazol, causando hepatotoxicidade;
- Imunossupressores, causando efeitos antagonistas;
- Marcador 99mTc, interferindo na ligação e leitura de elementos sanguíneos;
- Inibidores de protease, aumentando a biodisponibilidade.
Garra do Diabo (Harpagophytum procumbens DC. ex Meissn.)
A Garra do Diabo pode ser utilizada para/como anti-inflamatório, analgésico, citoprotetor articular, tratamento de indigestão e anorexia, e pode interagir com:
- Varfarina, anti-hipertensivos, estatinas, agentes antiepilépticos e antidiabéticos, antidepressivos e inibidores da bomba de prótons, causando a restrição das enzimas CYP, aumentando assim os níveis dos fármacos que utilizam essa via de metabolização;
- Agentes que afinam o sangue, causando sangramentos;
- Varfarina, causando púrpura;
- Morfina, causando efeito sinérgico;
- Antianêmicos, reduzindo a absorção de ferro;
- Hipoglicemiante oral, causando hipoglicemia.
Guaco (Mikania Glomerata Spreng.)
O Guaco pode ser utilizado para/como expectorante e broncodilatador, e pode interagir com:
- Antibióticos, causando efeito sinérgico;
- Cefalotina; Cefoxitina; Ciprofloxacina; Gentamicina; Sulfametoxazol e trimetoprim; Tetraciclina, causando efeito antagônico;
- Anticoagulantes, causando efeito sinérgico e sangramentos;
- Antianêmicos, reduzindo a absorção de ferro;
- Inibidores de transcriptase reversa análogos de nucleosídeos, nevirapina e inibidores de protease, causando pancitopenia.
Hortelã Pimenta (Mentha x Piperita L.)
A Hortelã Pimenta pode ser utilizada para/como antiespasmódico, cicatrizante e síndrome do cólon irritado, e pode interagir com:
- Antibióticos, causando efeito sinérgico;
- Antianêmicos, reduzindo a absorção de ferro;
- Ciprofloxacina, causando efeito antagônico;
- Codeína, diminuindo o efeito analgésico;
- Pentobarbital, prolongando ou reduzindo o sono;
- Midazolam, prolongando o efeito.
Salgueiro (Salix alba L.)
O Salgueiro pode ser utilizado para/como analgésico, antitérmico e anti-inflamatório, e pode interagir com:
- Ácido Acetilsalicílico E Paracetamol, causando nefrotoxicidade, o que potencializa a inibição plaquetária e risco de sangramentos;
- Anticoagulantes, aumentando o risco de sangramentos;
- Sulfato ferroso, diminuindo a absorção de ferro.
Apesar de haver uma crença geral de que os fitoterápicos são inofensivos, porque são naturais, vários estudos já comprovaram que as interações entre eles e medicamentos alopáticos (industriais) podem ter complicações graves.
Portanto, é essencial que você consulte um profissional da saúde com especialidade e estudos na área de fitoterapia antes de ingerir qualquer planta medicinal.
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